No texto da minha coluna de hoje, vou fazer um pouco o papel de advogada do diabo. É óbvio que eu prefiro escrever, que o ato de escrever para mim é algo inevitável e do qual eu não consigo fugir. Escreveria ainda que não tivesse leitores, mesmo que soubesse que não existe nenhuma chance para mim no mercado editorial. E tudo isso para mim um dia já foi verdade. Porque, como disse Rainer Maria Rilke em seu livro Cartas a um jovem poeta, e talvez eu sempre volte a esse livro porque foi o primeiro que li sobre escrita e é o primeiro que indico aos meus alunos, antes de perguntarmos se nossos textos estão bons, devemos nos questionar se morreríamos se deixássemos de escrever.
Pois bem. Para mim, escrever, de fato, é mais importante. Mas, com o tempo, fui desenvolvendo o desejo de que meu texto chegasse a mais leitores, não por ego, fama ou vaidade, mas para que aquele texto pudesse “abençoar uma vida que não foi abençoada”, como disse Clarice Lispector em uma de suas crônicas. Desde muito cedo, eu conheci o poder dos livros, a força que a literatura tem. Nas diversas palestras que dei, costumo dizer que a literatura salva. Então as pessoas às vezes me perguntam porque eu dizia isso, e minha resposta era sempre a mesma, porque sobrevivi para contar a história.
Então, o desejo de que o livro alcance mais pessoas vem disso, porque eu conheço o poder transformador da literatura, não apenas como escritora, mas também como professora de literatura e de escrita. Eu seu que ela pode tocar, emocionar, fazer refletir. Mais que isso, Clarice Lispector ainda nos aponta para outros aspectos dessa bênção da leitura: “Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende”. Mesmo assim, ela não deixa de nos advertir que escrever é uma maldição, mas uma maldição que salva.
E é assim que vejo o marketing, algo que nos força a sair da zona de conforto, a nos expor; é justamente o que leva nosso texto a alcançar mais pessoas e, consequentemente, mais leitores. Foi depois de entender isso que fiz as pazes com ele em 2018. Antes disso, nem Instagram eu tinha. E para quem não sabe, meu Instagram começou se chamando Pintura das Palavras, porque eu não queria um Instagram com o meu nome. Quem diria que hoje eu iria ajudar tantas escritoras e escritores a colocarem sua cara no mundo e fazer seus textos chegarem aos leitores.
Às vezes, o que nos cabe é olhar para as coisas de outro modo, de outro ponto de vista, em vez de nos digladiarmos com determinada situação. A garota que antes se escondia na toca hoje prepara as malas (sem esquecer, é claro, de colocar os marca páginas e cartões postais para divulgar seu romance) para viajar para a 26º Bienal Internacional de São Paulo, o maior evento da América Latina, e encontrar presencialmente seus leitores e autografar seus livros.
Veja minha programação na Bienal Internacional de São Paulo aqui:
Tema: Gêneros literários: os benefícios de quem escreve para um nicho
Data: 05/07
Horário: 20 horas
Local: Papo de Mercado
Tema: Por dendro do Prêmio Kindle de Literatura – O que podemos esperar?
Data: 06/07
Horário: 11 horas
Local: Stand da Amazon
Tema: Prêmio Kindle de Literatura: um bate-papo entre vencedores e finalistas
Data: 10/07
Horário: 18 horas
Local: Stand da Amazon